domingo, 18 de setembro de 2011

A LITERATURA AFRICANA EM LÍNGUA PORTUGUESA: Um pouco da história.

A Literatura Africana de Língua Portuguesa nos faz lembrar o período em que a maior colônia de Portugal - O Brasil, viveu um período de escravidão que durou quatro séculos e que marcou profundamente a formação da sociedade e da cultura do povo brasileiro.
Os escravos eram capturados e comprados na África e, depois,  trazidos aos mercados brasileiros, onde eram vendidos. E na África, em cada local onde os portugueses se estabeleceram e criaram colônias, nasceu uma sociedade que foi obrigada a usar a língua portuguesa como meio de comunicação oficial. As línguas nativas continuaram  a ser usadas na comunicação diária, mas nas escolas que com o tempo foram sendo criadas só se usava o português, que assim se transformou em língua de cultura nessas regiões.
Somente no fim do século XX, com as guerras da independência, as ex-colônias portuguesas conseguiram se libertar politicamente de Portugal, mas as marcas culturais de tantos séculos permaneceram, e assim o português passou a ser a língua oficial de várias dessas ex-colônias.
O chamado lusófono, isto é, a comunidade dos países de língua portuguesa é formado por: Brasil, Portugal, Timor Leste, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, moçambique e São Tomé e Príncipe. Os cinco últimos países são africanos, ao passo que Timor Leste fica no sudeste asiático.
A marca fundamental da literatura africana de língua portuguesa é sua postura de resistência à dominação estrangeira, de reividicação dos direitos humanos básicos, bem como a denúncia da exploração de que ainda são vítmas as populações mais pobres.
Muita gente se engajou nessa resistência - cantores, pintores, poetas, intelectuais, jornalistas. E, como milhares de africanos foram trazidos ao Brasil na condição de escravos ao longo de vários séculos, boa parte da população brasileira se reconhece nessa resistência, pois, afinal, são descendentes dessas pessoas.
Hoje, graças às facilidades de comunicação, os contatos entre o Brasil e esses países africanos de língua portuguesa são cada vez mais constantes. Escritores e artistas de ambas as partes estão presentes em espetáculos, congressos literários, etc. Livros de escritores africanos começam a ser cada vez mais editados aqui no Brasil. Enfim, embora o processo de integração cultural seja lento, ele é constante e deve continuar porque nos enriquece a todos. Por isso, é importante encerrar esse artigo com alguns exemplos de literatura africana produzida em língua portuguesa.

SOU   NEGRO                                                                       
À Dione Silva

Sou negro                                                                                
meus avós foram queimados                                                      
pelo sol da África                                                                   
minh´alma recebeu o batismo dos tambores                               
atabaques, gonguês e agogôs.
           
Contaram-me que meus avós                                                    
vieram de Loanda                                                                      
como mercadoria de baixo preço                                               
e plantaram cana pro senhor do engenho novo                 
e fundaram o primeiro Maracatu.
                                               .
Depois meu avô brigou como um danado                                                             
nas terras de zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João                                                            
humilde e manso.
                                                                     
Mesmo vovó                                                                              
não foi de brincadeira                                                                 
Na guerra dos Malês                                                                  
ela se destacou.                                                                       
                                                                                             
Na minh´alma ficou                                                                    
o samba                                                                                      
o batuque                                                                                     bamboleio                                                                                                              
e o desejo de libertação.

                       TRINDADE, Solano. Poemas  antológicos de Solano Trindade
                       São Paulo: Nova Alexandria, 2008.p.162-163.



DESCOBERTA

Após o ardor da reconquista
não caíram manás sobre os nossos corpos.
E na dura travessia do deserto
Aprendemos que a terra prometida
era aqui.
Ainda aqui e sempre aqui.
Duas ilhas indómitas a desbravar.
O padrão a ser erguido
pela nudez insepulta dos nossos punhos.   

                                               LIMA, Conceição
                                             São Tomé e Príncipe.
 FONTE:
 SACRAMENTO, Leila Lauar e TUFANO, Douglas,
 Português - Literatura, gramática e  Redação, 1ª ed,
 São Paulo, Moderna, 2010.
                                               

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

AS DESIGUALDADES SOCIAIS NO BRASIL

O Brasil é um país com inúmeras desigualdades. Realidade que  pode ser comprovada por pesquisadores, estudiosos e a população em geral, constantemente proclamada pelos meios de comunicação de massa, estampada em todos os contextos sociais  e percebida de diversos modos, a exemplo do desemprego, violência, fome, moradia, etc.
Um dos traços mais marcantes dessa desigualdade é a exclusão social, visto que o nível de concentração de renda é um dos mais acentuados do mundo. Enquanto uma parcela ínfima da população tem rendimentos exorbitantes, a maioria das pessoas vive com pouco ou nenhum recurso.
Esse fato gera um abismo entre  ricos e pobres no que diz respeito ao acesso à alimentação, bens de consumo e serviços essenciais, como saúde, educação, moradia e lazer, revelando-se por meio do crescimento da população sem teto nas cidades, do aumento do número de desempregados e de analfabetos, ou seja, do número cada vez maior de pessoas privadas de seus direitos básicos para que possa viver com dignidade.
Esses  quadros de desigualdades sociais  foram gerados , sobretudo, em razão das características históricas de ocupação do território e do desenvolvimento das atividades econômicas existentes em todas as regiões do país.
De maneira geral, quando falamos das desigualdades sociais brasileiras, observamos que elas são mais aparentes nas paisagens urbanas, resultando numa grande segregação espacial no interior das cidades. De um lado há a disseminação, pelo país, de condomínios residenciais de luxo, bairros fechados e serviços de completa infraestrutura, isolados dos demais bairros por muros altos, portões e guaritas de vigilância, com acesso exclusivo aos condôminos e funcionários. Do outro lado, há o crescimento do número de bairros pobres, de favelas e loteamentos clandestinos e irregulares, com nenhuma ou muito pouca infraestrutura.
Esses processos vivenciados no Brasil têm levado muitos grupos sociais excluídos a se organizarem como o dos trabalhadores sem teto que promovem ocupações de prédios ou de terrenos destinados à especulação imobiliária.
Também em resposta à situação de exclusão social, observamos  ações de rebeldia como os arrastões e saques ao comércio, conflitos decorrentes da enorme desigualdade social que se reproduz de forma ampla e rápida nas cidades. Na realidade, é negado aos grupos sociais rebelados o direito à cidadania, ou seja, acesso à habitação, à alimentação, ao trabalho, à saúde à justiça e à liberdade.
Confira nos end. que segue:  http://www.youtube.com/watch?v=llzhh9AnpxQ
                                                                               

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

O Século XXI trouxe para a humanidade contradições de todas as ordens: otimismo e esperança pelo desonhecido, incertezas, medos e ansiedades que passeiam pela mente humana. Atualmente, as incertezas são bem maiores para uma grande parte da humanidade, que no século anterior.
Segundo Ibernón, in educação e contemporaneidade, p. 354, apud Revista da FAEEBA, "não há nada seguro abaixo do sol" pois encontramo-nos diante de uma nova forma de ver o tempo, o poder, o trabalho, a comunicação, a relação entre as pessoas, a formação, as instituições, a velhice, a solidariedade, ...
O fato é que a globalização econômica e financeiraresultante da política neoliberal imposta aos países industrializados e emergentes, passou a exigir um homem e uma mulher mais preparados para enfrentar o cotidiano familiar, social, laboral e cultural. Os avanços da tecnologia e da informática são uma força decisiva que mudou a maneira de pensar, sentir e atuar exigindo um perfeito domínio da informática e suas aplicações, invadindo o rítmo cotidiano da sociedade atual.
Muitos autores analisam os paradoxos da tecnologia onde apontando as vantagens e os perigos da era da informática assinalando que ao mesmo tempo que os inventos tecnológicos constituem uma esperança para um mundo mais humano, garantindo um nível de subsistência para as pessoas, observam também que em nenhum momento da história tivemos um aumento tão significante de pessoas que vivem desprovidas de saúde,moradia e educação.
Tais autores alertam os perigos das novas tecnologias no ensino, já que podem dificultar a formação de hábitos de estudo e provocar transformações nas práticas e funções dos educadores, necessitando que estes aproveitem o potencial da tecnologia para atender aos interesses e ritmos de aprendizagem dos estudantes e descartem o emprego egoísta, abusivo e sem ética do aparelho tecnológico pois poderá colaborar  para a formação de indivíduos acríticos e de um mundo desumano.
A tecnologia necessita ser analisada dentro do contexto atual e sobre diferentes prismas pois pedagogicamente a internet é uma importante ferramenta para se obter informações, de atualizações, de educação permantnte e de comunicação sem fronteiras. É uma ferramenta que se usada adequadamente trará grandes benefícios aos usuários. Politicamente vemos que os políticos( governantes ) investem muito em tecnologias sem necessariamente melhorar ou investir na qualidade de ensino, o que só beneficia aqueles que lucram com a venda de aparelhos tecnológicos, permitindo reduzir os gastos com o público, com o salário dos professores que já são vítmas das reduções de gastos, com o congelamento de salários, trabalhando mais e ganhando menos.
No Século XXI, a sociedade informacional  requer uma educação intercultural quanto aos conhecimentos e  valores, assim como a "vontade" de corrigir a desigualdade das situações e de oportunidades.
A educação necessita ser vista como uma prática social concreta e não como um fato abstrato, distante, descontextualizado. A escola precisa ser revista, adaptada às novas exigências e necessidades de um mundo que está sempre em transformação.
As novas tecnologias podem contribuir para a melhoria do ensino. Porém, os equipamentos em si só não podem operar milagres pois elas não são a solução para todos os problemas. No ´Século XXI necessitamos uma educação que permita a convivência entre as diferentes culturas, dê prioridade ao ensino por toda a vida, utilize todo o potencial das novas tecnologias, não se limite às classes, que tenha implicações com as famílias, que forme para a autonomia e a responsabilidade, que potencialize o pensamento crítico, criativo e solidário.
Necessitamos agir e revolucionar quase tudo: conteúdos, métodos, espaços e sobretudo a visão da realidade, capaz de oferecer aos educandos uma autêntica igualdade de oportunidades
A recuperação do conceito de educação passa pela busca de justiça social, igualdade, liberdade e ações concretas e práticas, onde a educação básica permita que a criança e o adolescente cresçam em dimensão ética e cultural, científica e tecnológica, econômica e social e a universitária, prepare e preocupe-se com a educação continuada e a garantia do patrimônio cultural.
Para concluir é oportuno afirmar que a educação é um elemento chave de desenvolvimento sustentável para a paz e a estabilidade de um país e, sobretudo, é um direito humano fundamental, tornando-se imprescindível a união de forças para que:
- Todos os indivíduos em idade escolar tenham acesso ao ensino de boa qualidade;
- Os governantes elaborem programas de educação para a erradicação do analfabetismo;
- Sejam propiciados aos professores, recursos de reciclagem, de atualização na área pedagógica.
-Haja uma inversão nas condições de trabalho e no salário dos professores.
-A formação curricular seja flexível e enfatize mais a formação do que a informação. . .

                                                       PARA REFLETIR

Só através  da educação e conscientização do cidadão, é possível começar o processo de reversão e de humanização.Portanto, uma disposição política é condição indispensável para uma verdadeira transformação social.

sábado, 3 de setembro de 2011

FIQUE POR DENTRO!!!!!

                                           "TOMBAR" NÃO É APENAS "CAIR"

Na linguagem do dia a dia, "tombar" significa "cair, jogar no chão". Então, por que chamar de "tombamento" justamente o dispositivo que procura evitar a destruição de bens como edifícios, ruas, fotografias, . . .?
Porque na Língua  Portuguesa a palavra "tombo" também significa arquivo, local ou livro em que se registram escrituras e outros documentos importantes.
Os bens que se quer proteger são registrados em um livro especial, conhecido como "livro de tombo". Daí o nome.
Aliás, o maior arquivo de Portugal chama-se Torre do Tombo, em referência a uma torre que existia no castelo real de São Jorge, em Lisboa. Nessa torre ficavam guardados os arquivos do reino, os livros de registro ou "de tombo".
Atualmente o arquivo nacional ortuguês funciona em um edifício moderno, mas que manteve o nome tradicional de Arquivo Nacional Torre do Tombo, onde está guardada grande quantidade de documentos referentes ao passado colonial do Brasil. Muitos historiadores brasileiros vão à Lisboa para fazer pesquisa nesse local.
Os bens que podem ser tombados são os mais variados, materiais ou imateriais: imóveis, cidades, documentos, livros, receitas culinárias ou qualquer bem que seja importante para a maioria coletiva.
Cada patrimônio indicado para ser tombado é avaliado por um conselho formado por representantes da sociedade, sindicatos, governo, etc. Esse conselho recebe auxílio técnico de especialistas, como arquitetos e historiadores, que determinam qual bem deve ser preservado  ou não, de acordo com a sua importância para a memória da comunidade.
Tombar não significa desapropriar. O dono do bem permanece com a propriedade do bem tombado e pode vendê-lo ou alugá-lo, só não pode destruir ou alterar as características que foram protegidas. Quem ousar descumprir essa ordem legal pode ser preso e ainda pagar uma pesada multa.
No Brasil o tombamento pode ser feito na esfera federal, pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; na esfera estadual, pelos Conselhos Estaduais de defesa do patrimônio e na esfera municipal, pelos Conselhos Municipais.
O Iphan é um dos primeiros órgãos de preservação do patrimônio cultural do mundo, criado em 1937.
Foi  em 1998 que a Lei dos Crimes Ambientais( Lei Federal n.9.605) estipulou, pela primeira vez com clareza, a pena de prisão para quem destruir o patrimônio cultural protegido.

                                       ARQUIVO DO TOMBO - LISBOA (PORTUGAL)
                                         Acesse o link:   http://www.antt.dgarq.gov.pt/




quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ALERTA!!!

Você sabia que ao fumar um cigarro tem a possibilidade de entrar em contato com 4.700substâncias? E o pior, a cada dia que passa descobrem-se mais elementos tóxicos adcionados ao fumo, que entram em contato com as nossas entranhas, sejamos fumantes ativos ou passivos?
Pois bem, num informe do hospital Infantil de Toronto, no Canadá, foram enccontrados resíduos de nicotina em fios de cabelos de 23 bebês cujas mães não consumiram tabaco mas respiraram a fumaça dos maridos ou colegas de trabalho, durante a gravidez. Os bebês só tinham entre 1 e 3 dias  de nascidos, quando foram tirados uns bocadinhos de cabelo. As mães aspiraram uma fumaça que não era delas e a nicotina chegou até a pontinha dos cabelos dos filhos que ainda estavam dentro das suas barrigas.
Das milhares de substâncias inaladas, não há referência a que qualquer delas possa fazer bem à saúde. Imaginem, bem a situação "escolhida livremente" pelo futuro fumante. Ele decide inalar dia após dia, ano após ano, década após década, milhares de substâncias ruíns para sua saúde(e ainda paga por isso). Substâncias que lhe diminuem o fôlego, estreitam suas artérias e veias, fazem-lhe câncer, um buraco no estômago ou torna-o banguelo. . . .
Tais substâncias passeiam por todo o organismo, podendo atingir desde os olhos, provocar cegueira por catarata ou por alteração da retina e ir até na bexiga, provocando câncer. Gastrite, úlcera de estômago ou de intestino, câncer de rim e do pâncreas, são doenças, hoje em dia, claramente associadas ao tabagismo e, como o trajeto é direto até chegar aos alvéolos , câncer de boca, de laringe e de pulmão são figuras classicas em qualquer estudo. Câncer do esôfago e de colo do útero, idem. Pensem bem antes de começar a fumar!

                                                                           Disponível em http://www.cigarro.med.br/cap18.htm.


Elaborem cartazes para uma campanha antifumo. Use imagens, textos e frases para realizar um trabalho de conscientização sobre os efeitos maléficos que o cigarro causa no organismo humano.Escolha um nome para a sua campanha e boa sorte! As mudanças dependem de nossas atitudes. A sociedade agradece.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

TÉCNICA X TECNOLOGIA

No mundo atual a palavra tecnologia está na moda e quase todos os meios de comunicação associam as propagandas às novidades tecnológicas. Atualmente, estamos cercados por produtos eletrônicos que passaram a fazer parte da vida e do imaginário coletivo. Seja criança, jovem ou adulto, todos passaram a consumir produtos de alta tecnologia, os quais têm causado uma revolução nas comunicações, produção de bens, estruturas de emprego e até na própria condição humana.
Assim, cabe deixar claro a diferença entre os termos técnica e tecnologia que embora  usados muitas vezes como sinônimos, não querem dizer a mesma coisa. Ambos vêm do grego techne, que na civilização grega antiga designava o ofício dos artesãos ou artes em geral.Com o passar do tempo a palavra técnica adquiriu sentido amplo e foi associada a procedimentos e habilidades transmitidas de uma geração a outra que podiam trazer resultados considerados úteis. É por isso que a técnica se refere ao saber fazer humano: construir objetos mamusear ferramentas, discursar ou dominar técnicas esportivas, cujo uso pode resultar em objetos: casa, utensílios, ferramentas, . . .
Já a palavra tecnologia, vem da junção entre techne e logos, também do grego antigo, que quer dizer pensamento organizado, sugerindo que ela é o pensamento ou discurso científico sobre as técnicas.
A técnica é o conhecimento prático que não envolve, necessariamente, nenhuma teoria ou ciência ao contrário da tecnologia que diz respeirto a teorias, experiências ou aplicações sobre os materiais ou processos usados nas técnicas, portanto, uma aplicação científica sobre as técnicas.
A tecnologia surgiu com a instituição da ciência moderna, a partir do século XVII. Antes disso já eram organizados estudos e experiências de caráter científico, como os realizados por Leonardo da Vinci e Galileu Galilei.
Cabe ressaltar que os conhecimentos e as técnicas não se propagaram igualmente em todas as culturas e lugares. Sua evolução se deu em fases distintas.
Na Pré-História predominou a técnica do acaso, em que não havia a intenção deliberada de criar, desenvolver ou transmitir as técnicas. Com as grandes civilizações, o saber tecnico surge com a figura do artesão, que dominava as técnicas e habilidades e as transmitia a seus aprendizes. A partir do século XIX foi que surgiu o estudo consciente das técnicas aliado ao modo de pensar da ciência moderna: um saber organizado e centrado em experiências e teorias. O período posterior `Revolução Industrial, tivemos os métodos fabris de manufatura, da produção de massa e da automação, com o uso de computadores e sistemas de comunicação.
Foi no período da Pós-Revolução Industrial que alguns autores passaram a afirmar que o conjunto de técnicas de cada período forma uma espécie de sistema que interligadas não podem ser compreendidas fora do todo a que pertence.
É esse avanço que autoriza-nos a falar hoje em globalização e sociedade da informação, época da máquina capaz de receber e armazenar, processar e redistribuir informações em velocidade espantosa: o computador.


                                                      GIANSANTI, Roberto-Tecnologias e Sociedade no
                                                      Brasil Contemporãneo, São Paulo, 2006                   
                                                            

sábado, 6 de agosto de 2011

O SENTIDO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO

De maneira geral, os estudantes questionam os motivos pelos quais devem estudar o passado, uma vez que nem sempre entendem com clareza a sua relação com o presente. Eles consideram que esse conhecimento é desnecessário.

A História assim concebida, já vem sendo questionada há muito tempo mas hoje o conhecimento histórico se reveste de outro sentido, conforme destacou o historiador Edgar Salvadori de Decca
 "A História carrega uma série de outras possibilidades e entendimentos, faz pensar sobre como  as coisas acontecem como os acontecimentos se efetivam e produzem a realidade, quais as tensões em jogo, quais as vontades presentes''

O sentido do conhecimento histórico pressupõe a compreensão de múltiplas realidades, de situações concretas da vida cotidiana e do tempo, condições essenciais para a formação e o desenvolvimento da cidadania.

Estudar História é criar a possibilidade de buscar explicações para as ações dos seres humanos, no passado e no presente. É realizar uma viagem por outros tempos e espaços e, por meio da investigação tentar compreender os caminhos por eles escolhidos, enfatizando as ações sociais,  econômicas e culturais ao longo do tempo, numa época em que não apenas a cultura histórica, mas o próprio sentido do conhecimento histórico parece ser pouco relevante para muitos.

Portanto, o ensino de História contribui para libertar o indivíduo do tempo presente e da imobilidade diante dos acontecimentos, para que possa entender que a cidadania não se constitui em direitos concedidos pelo poder instituído, mas tem sido obtida em lutas constantes e em suas diversas dimensões.

O conhecimento histórico também ganha sentido ao propiciar a formação do pensamento histórico, ou seja, a compreensão das relações que os diversos grupos humanos estabelecem entre si por meio das ações dos múltiplos sujeitos históricos, embora nem sempre a tais ações seja atribuído valor que elas podem ter.

Segundo o historiador André Segal, (. . . ) a  História deve contribuir para a formação do indivíduo comum que enfrenta um cotidiano contraditório, de violência, desemprego, greves, congestionamentos, que recebe informações simultâneas de acontecimentos internacionais, que deve escolher seus representantes para ocupar os vários cargos da política institucionalizada. Este indivíduo que vive o presente deve, pelo ensino ou estudo de História, ter condições de refletir sobre tais acontecimentos, localizá-los em um tempo conjuntural, estabelecer relações entre os diversos fatos de ordem política, econômica e cultural, de maneira que fique preservado das reações primárias: a cólera impotente e confusa contra os patrões, estrangeiros, sindicatos ou o abandono fatalista da força do destino."
Nessa perspectiva, consideram-se os alunos, professores e demais interessados pelos conhecimentos históricos como sujeitos sociais portadores de experiências culturais, e ativos nos seus processos de aprendizagem, sendo capazes de construir, reconstruir e apropriarem-se criticamente dos conhecimentos. Afinal, a História é a disciplina que se refere aos homens, a tantos homens quanto possível, a todos os homens do mundo enquanto se unem entre si em sociedade, e trabalham, lutam e se aperfeiçoam a si mesmos.
                                                                               
  BERUTTI, Flávio - História ,  Ensino Médio
  1ª  edição, Curitiba, PR, Base Editorial, 2010